Lisboa, 2 de Outubro de 2025 — Uma auditoria realizada no Brasil levanta questões sobre o elevado volume de fundos movimentados por uma entidade sindical com ligações à família do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a coluna de Tácio Lorran, publicada no jornal brasileiro Metrópoles, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cuja direção integra José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico e irmão do Presidente, terá movimentado R$ 1,2 mil milhões (cerca de 220 milhões de euros) num período de seis anos.
A informação insere-se no âmbito da investigação denominada “Farra do INSS”, que visa apurar um esquema de descontos alegadamente indevidos nos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Aumento Exponencial de Arrecadação
O relatório da Polícia Federal (PF) indica que a arrecadação do Sindnapi através de mensalidades associativas descontadas diretamente das reformas e pensões disparou nos últimos anos.
- A auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) e da PF revela que a receita do sindicato terá saltado de R$ 17,588 milhões em 2019 para R$ 90,519 milhões em 2023, o que representa um aumento de 414% no período.
- O faturamento total arrecadado desde 2019 é de cerca de R$ 259 milhões, segundo o relatório policial.
Irregularidades e Comissões
A investigação sugere irregularidades nos procedimentos de afiliação e nos descontos efetuados.
- Uma fiscalização da CGU a 26 aposentados que apareciam como sócios do Sindnapi apurou que 20 negaram ter-se associado, apesar de terem sido alvo de descontos nos seus benefícios.
- Além disso, a investigação aponta para a existência de pagamento de comissões a dirigentes do Sindnapi por cada desconto efetuado no benefício dos reformados, sendo que essas comissões atingiriam pelo menos R$ 4,1 milhões.
O Sindnapi, cujo vice-presidente é Frei Chico, tem refutado as acusações, justificando o aumento de receitas com o crescimento do número de associados, em grande parte durante o período da pandemia. Contudo, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União continuam a investigar a legalidade e a transparência dos descontos aplicados.
Fonte: Coluna de Tácio Lorran no Jornal Metrópoles.