A Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) informou neste sábado (12) que um cliente dos Estados Unidos cancelou a compra de 95 toneladas de mel orgânico produzido no sul do Piauí, por receio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.
Segundo a cooperativa, com sede em Picos (PI), os compradores temem que a mercadoria chegue aos EUA já sob a vigência do chamado tarifaço. “Ontem (11), no final da tarde, infelizmente recebemos o comunicado dos nossos clientes mandando suspender os embarques. Foi um cliente parceiro nosso há muitos anos”, lamentou Sitônio Dantas, presidente da Casa Apis.
Atualmente, cinco contêineres com mel já estão no Porto do Pecém (CE), aguardando apenas a atracação dos navios para embarcar aos Estados Unidos. O despacho aduaneiro já foi concluído. “Infelizmente, fomos pegos de surpresa. Nossa representante nos EUA está tentando negociar com esses clientes, devido à relação de amizade que temos, para ver se conseguimos, pelo menos, embarcar os contêineres que já estão no porto”, explicou Dantas.
A associação também tinha programado uma nova carga para ser enviada ao porto nesta segunda-feira (14), mas decidiu suspender o envio enquanto o impasse não for resolvido.
De janeiro a julho, a Casa Apis já entregou cerca de mil toneladas de mel, com expectativa de vender o mesmo volume até o final do ano. O contrato já estava fechado.
Os Estados Unidos são o principal destino do mel brasileiro, absorvendo cerca de 80% da produção nacional. Embora o Piauí não seja o maior produtor do país, lidera o ranking de exportação de mel para os EUA em 2024.
“O Brasil se especializou na produção de mel orgânico, especialmente o Nordeste, que agora ocupa a primeira posição nessa produção. Além disso, o Brasil é o maior exportador de mel orgânico do mundo”, destacou Sitônio Dantas.
O dirigente ainda fez um alerta: “Será difícil para nós, que somos pequenos produtores e agricultura familiar, e para os próprios consumidores americanos, que terão dificuldade em encontrar mel para o consumo”.