O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende enviar, nos próximos dias, uma carta oficial ao governo dos Estados Unidos, chefiado por Donald Trump, para reforçar a posição brasileira nas negociações sobre as tarifas de 50% impostas a produtos brasileiros exportados.
Segundo apuração da GloboNews, o documento já está pronto e será assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e pelo chanceler Mauro Vieira. O texto aguarda apenas o aval final do presidente Lula para ser enviado via embaixada brasileira em Washington.
A embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, ficará responsável por entregar a carta à Secretaria de Comércio dos EUA, liderada pelo representante comercial americano (USTR), com quem as negociações têm sido conduzidas.
Conteúdo da carta
No texto, o governo brasileiro formaliza três pedidos principais:
- que os canais de diálogo entre os dois governos permaneçam abertos;
- que sejam agendadas novas reuniões entre os representantes dos dois países para tratar do tema;
- que os EUA respondam ao material técnico já enviado pelo Brasil em maio, com dados sobre a balança comercial e outros números, que até agora segue sem resposta.
O governo Lula aposta no diálogo para tentar reverter a decisão americana, considerada uma retaliação política aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na carta enviada pelo republicano ao Brasil, Trump alegou, de forma equivocada, que os EUA teriam déficit comercial com o Brasil — quando, na realidade, o país registra superávit.
Decreto da Lei da Reciprocidade
Além da carta diplomática, o governo federal publicou nesta quarta-feira (15) o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade, que estabelece mecanismos para retaliar medidas unilaterais de outros países que prejudiquem a competitividade internacional brasileira.
Embora o decreto não cite diretamente os EUA, ele é visto como uma alternativa legal para responder ao tarifaço de Trump, permitindo suspender concessões comerciais, investimentos ou obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em casos de medidas hostis.
O governo brasileiro, no entanto, reforça que a prioridade no momento ainda é resolver a crise por meio de negociações diplomáticas.